sexta-feira, 25 de outubro de 2013

LIV




Pare, pense, escute
o silêncio de tudo
o que fala sem cessar.


LIII





Eu no meu olho

Andando nas ruas
Vejo tudo girar
Você andou chorando

Quer nem mais cantar
Agora faça o favor
Me chame quando precisar
Você já sabe meu nome
E eu que não sei de nada
Talvez saiba te amar


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

LI




Um dia você acorda
E o vazio te domina
Você sente que o tempo
Te abandona
E a vida continua
Apressada
Como seus passos
Indo para o trabalho
Você não quer voltar
Você sonha com o dia que terá coragem
De não voltar para casa
Depois do trabalho
Vai à igreja
Pede a Deus que te perdoe os pecados,
Que o sofrimento acabe,
Que a vida melhore
Mas quando volta pra casa
Nada te consola
Abre a porta
Ganha um beijo,
Um tapa
Se tranca no quarto
Sozinha
E se mata.


Poema escrito a partir de um texto de Érica Leme, autora do blog Ser Leitora.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

L



A poesia nunca me obedece
Ela sempre é injusta com quem está lendo
Mas essa nunca é a minha intenção
Eu escrevo porque ela quer sair
E minhas mãos são a janela aberta
De onde os versos teimam em atirar-se
Sem olhar quem passa na rua abaixo
A poesia nunca sabe o que se passa
Por trás dos olhos que as lê
Por isso, eu peço perdão




XLIX




Sou filho de fazendeiro
Criado a beira do Paraíba
Tenho apenas duas mãos 
Ando sobre dois pés descalços 
Minhas costas são frágeis 
Mas eu carrego o sentimento do mundo
Maldita seja essa sen-si-bi-li-da-de 
Malditas sejam as pedras no meu caminho
Maldito seja o poema no meu bolso de trás
Malditas são essas palavras que ferem tanto
Como são injustos os poetas 
Por saberem o que sentimos
Sem nos conhecerem 
Como seria bom afronta-los 
E agora, Drummond?
Antes da luz apagar
E o povo sumir
Me diz pra onde é que a gente vai daqui
Para que lado nós temos de seguir?



XLVIII



Não quero ficar preso em você
Nem faz sentido ter ciúmes do que não é meu
Ah, mas que merda!
Já estou pensando nisso outra vez
Não sou capaz de descrever o quanto eu te quero
E como eu quero ainda mais não te querer
Amar é chato demais
Complicado demais
Perigoso demais
E eu tenho mil formas de não saber o que fazer
Posso ficar aqui pensando a noite toda
E não fazer nada
Ou posso arriscar agir e te perder 
Acho melhor ficar em casa
Abrir a geladeira
Procurar alguma coisa pra beber
Pra esquecer isso tudo
Até amanhã...


XLVII



Sobre o amor de verdade
Eu não sei escrever
Ele não cabe no poema
Mas se o relógio não quer acertar
Siga do seu jeito
Guarde essas palavras como um beijo
Um dia a gente se encontra
Um dia você me conta
Se esse beijo ainda é meu


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

XLVI



As palavras são brinquedos
Que eu uso
Pra fazer de quem as lê
Parte do meu mundo

As palavras são mentiras
Que eu invento
Pra que eu seja realmente
Parte de todo mundo



terça-feira, 10 de setembro de 2013

XLV



O trem para
As portas abrem
O povo corre
Eu corro os olhos no povo
As portas fecham

O trem corre
Eu corro, em vão, os olhos pelo vagão

O trem para
As portas abrem
O povo corre
Eu saio
As portas fecham

Mas o vagão permanece lá
Ele que não corre em vão

Enquanto eu continuo correndo
Procurando seus olhos
Dentro da multidão


XLIV



O meu sangue até parece
Que carrega alguma espécie de veneno
Porque quando eu estou sozinho
Eu não me aguento
Me afogo até cair no escuro
E lá me deito
Fico parado
Calado
Esperando
Sonhando
Acordado
Pensando
Em parar de esperar
O momento de levantar
Viver e ver
A minha vida começar
Mas nunca começa


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

XLIII



Encanta-me o céu
Sem obstáculos
Revestido de estrelas
E um violão por perto
Que preencha os vazios da fala
Encanta-me um papel qualquer
Onde eu possa despir sentimentos
Na tinta escorrida de próprio punho
Como as gotas de papel
Que nas manchas de tinta
Criam imagens na mente
Assim eu, que sou poeta
Faço poesia
Quase que por acidente



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

XLII



Não sei
Nunca saberei
Posso repetir tantas vezes
Quantas for preciso
Até que faça algum sentido
Até que não faça nada
Até que eu faça algum sentido

Até que eu nada seja 


XLI



Às vezes o abismo que me prendeu
Aquele dia no seu quarto
Vem me visitar
E não marca hora para chegar
Um dia ele veio no ônibus
A caminho do trabalho
Tive que disfarçar as lágrimas que vinham sem convite
Foi a ultima vez que eu chorei
O abismo veio outras vezes
Mas eu não choro mais
Não que esteja mais forte ou preparado
Eu quero chorar
Mas não tenho lágrimas
Parece que a dor não quer sair de mim
Meus sonhos parecem não ter lugar para mim
Sinto que estou acabando
Algo está morrendo dentro de mim
E a tristeza, que hoje me assola, já não tem mais fim 


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

XL



Se me deixas livre 
Começo a correr 
E me perco nos meus passos
Encaro o sol com olhos nus
E não sei mais o que faço

Mas se me atares os pés
Desde o principio 
Somente por teus pés irei andar
Apenas saberei
O que de ti puder sondar
E como não?
Somente a ti irei amar 
Até o dia em que estes olhos nus 
De ti irão se libertar

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

XXXIX



Nas noites de insônia 
Longas noites escuras
Eu fico deitado
Com um nó na garganta
Encarando a Lua
Que fica do alto 
Olhando de lado
Pra cada pessoa
Que passa na rua 
Pedindo atenção
A Lua já sabe
Que cada pessoa
É uma solidão
E o ser sozinho
Só quer compreender 
A sua razão 
Todo ato é parte da busca
E todo sonho é um ponto de fuga


XXXVIII



Eu tenho um amor impossível 
E que este continue assim
Pois não fosse ele impossível 
Poderia carregar alguma esperança
Não fosse ele impossível
Perderia meu tempo tentando
Sofrendo, chorando
Não fosse este um amor impossível
Eu fecharia meu peito
Aos possíveis amores
Que um dia virão



terça-feira, 13 de agosto de 2013

XXXVII



Dentro de mim
Há um labirinto de ideias
Todas perdidas
Dentro de mim
Eu sou um labirinto
E as paredes
Todas vivas
Dentro das minhas ideias
Eu vejo olhos
E eles me veem
Perdido
Procurando a saída 
Dentro de mim

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

XXXVI


Dentro de mim ninguém pode olhar
Há uma solidão imensa
Mas é somente minha
E ninguém pode alcançar 

Tenho saudades de um passado 
Que não aconteceu
De um tempo que não foi o meu
Do amor que veio mas se perdeu

O que realmente importa?
Às vezes eu penso que a vida
Tem importância equivalente a um sonho
Do qual se esquece logo que se acorda

Mas pensar é errar, pensar é uma doença
Por que a gente não para?
Porque somos humanos
Errados por natureza


terça-feira, 9 de julho de 2013

XXXV




Não quero ser juiz dos anjos
Nem tampouco serei julgado
Não desejo a gloria do carrasco
Nem o fardo do culpado

Sou livre do que chamam de bem
Sou livre do que chamam de mau
Meu caminho eu mesmo faço
Minha trilha sempre encontra um final

Escritor de cartas rasgadas
Sou juiz apenas de minha alma
Pois sou caneta sem tinta 
Pressionando as páginas marcadas
Com muita calma
Palavra por palavra
Desenho aos poucos a imagem abissal 
De um homem escrevendo seu próprio final




sábado, 29 de junho de 2013

XXXIV



Eu não sou nada.
Porque a gente nunca é nada.
A gente sempre está alguma coisa.
E eu estou cansado dessa inconstância no meu coração.



quarta-feira, 26 de junho de 2013

XXXIII



Torne-se vegetal
Sinta a terra em que habita
Cante com o vento
Que corta seu caminho
E quando caírem suas folhas
Chore por cada uma delas
De suas lágrimas brotarão outras novas
Ame o Sol
Absorva dele tudo o que puder
Mas ame também a chuva
Faça dela seu alimento
E cresça!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

XXXII



Eu te amo
Eu te odeio
Eu morro de receio
Eu não quero mais querer
Eu, eu, eu, sempre eu...
Sou tão egoísta,
Tão pessimista,
Às vezes, até, masoquista,
Iludido, carente, fatalista.
Sou demasiadamente humano.
E como tal:
Visto minhas vestes forradas de imperfeições,
Minha coroa cravejada de ignorância,
Meu cetro de pura pretensão
E reino meu mundo sozinho
Eu me amo
Eu me odeio


XXXI



Busco alma que me espelhe
Que compreenda
Em um sorriso a alegria
E num suspiro a solidão

Busco amigo que afague a alma
Que seja terno
Saiba a importância do silêncio na fala
E amanheça os sonhos da minha ira

Busco-me em alguém que me engrandeça
Em palavra que me fortaleça
Em pensamento que me enobreça
E luz que guie minhas noites

Busco o que buscam todos:
Uma dúvida que me complete
Um braço que me levante
Um poema que me recite
Um dia que não se acabe 
Numa vida que não seja vã


sábado, 22 de junho de 2013

XXX



Há aqueles que sonham com o amanhã
E aqueles que fazem do hoje sua eternidade.
A minha vida é um dia
Sem ontem nem amanhã.
Só esse embaraço desgrenhado
De tristeza e alegria, 
De onde tiro inspiração 
Para escrever minha poesia.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

XXIX


Toda vez que eu olho pro mato
E um grilo atravessa meu olho
Eu fecho os olhos do mundo
E abro olhos de barros


Uma pequena homenagem ao grande poeta Manoel de Barros

domingo, 9 de junho de 2013

XXVIII




Eu te vejo correndo e caindo
Me dê a mão
Eu também não sei quem eu sou
Estamos juntos e sós
Mas ainda que não dê como está
Insistimos pra ver no que dá!


quinta-feira, 6 de junho de 2013

XXVII



Tem dias que eu não sei o que quero
Ando pra lá e pra cá e nada me agrada

Canto alto e bato a porta mas nada desata 

Tem dias que as horas não querem passar
Tem dias que eu quero ver o tempo parar
Tem dias que eu quero estar com quem nunca está
Tem dias que eu também não quero estar
Mas não tem jeito, eu nunca ausento de mim


XXVI






Hoje acordei com o mundo nas costas
Liguei a TV mas não tive respostas
Olhei no espelho, surpreso em me ver
Apaguei a luz
A imagem refletida não quis me conhecer


quinta-feira, 30 de maio de 2013

XXV



Quando passo em cada esquina 
Todo espinho me ensina
Todo mestre me engana 
Todo ser passa e me arranha

Se cada todo fosse todo cada
Veria em cada lagrima o oceano
Veria em cada queda d’água um deus chorando
Qualquer pedaço de nada seria minha morada

Se cada ser fosse meu mestre
Ouviria a sabedoria de tudo o que cala 
Ouviria a solidão de tudo o que fala 
Saberia medir em tudo o ódio presente

Se cada todo demanda atenção 
Sou para com Deus um irmão
Somos todos vizinhos
Somos universos em expansão

quarta-feira, 29 de maio de 2013

XXIV



No subúrbio do meu olho
Não se vê 
Qualquer que seja o teu nome
Não se lê
Eu vejo todos os fatos

Pelo céu aberto em poesia 
Tanta maravilha que a gente não crê 
Tanta gente boa que você poderia ser
Eu sou um velho cansado

Quando a gente dança é pra esquecer
Assistindo ao mar se pôr e desaparecer
Num dia a noite aberta em pecado
Você deitada ao meu lado

Na brisa do tempo é de perceber
Que o Mar é o Sol
E o Sol é você
Somos o tempo parado
Somos nós ao quadrado

XXIII



I can sing to you
About the moon and the stars
I can tell you how
To swim between space and time
I can show you now
There is no easy way out
Wherever you go
I can make you
Step outside the line
I could say we will
Never want to die
For there are times,
I know,
Everything just stop turning
And we keep getting old
I could show you how
To live inside a shell
Where it never aches
Never breaks
I could be that shell
But when it comes to me
Oh me
I am thin as hell.

XXII



E se você me perguntar onde esta a poesia
Eu lhe direi q tomei o caminho errado
E pelo verso fui abandonado
Cavei um tumulo de segredos
E nele fui aprisionado
Quando finalmente soube quem eu era
Percebi que já havia mudado
E me perguntas onde há poesia?
A poesia ficou no sorriso do estranho
Que beijou a boca da mulher que eu amava
Como dizia o poeta:
Desapareci na poeira das ruas
Enquanto outro poema me deixava
Tropecei numa pedra no meio do caminho
Beirando a estrada do nada.

XXI



Quando criança achava que devia amar as coisas.
Não todas as coisas,
Mas certas coisas.
Quando cresci, decidi que nada,
Nada tinha a obrigação de ser amado.
Quando cresci mais, percebi a importância de certas coisas,
E que sempre as havia amado.
Acho que este é o único amor verdadeiro,

Quando se ama sem pensar.

XX




Chova em mim
Hoje o tempo parou em alguém
Um infinito se apagou
Chova em mim
Que o céu derrame suas lágrimas

Sobre as minhas.

IXX



Como os homens querem asas
Para alcançar o azul
Como os mares buscam terra
Para descansar seus braços na areia
Como os olhos buscam o horizonte 
Para saber como és pequenino
Como o Sol espera a Lua
E ensina-lhe a brilhar
Como os pés vão de encontro ao chão
Sustentando-o todo
Como as infindáveis voltas
Sempre voltam para ti
Como certos desejos
Só desejam a ti
Como meu pensamento voa
E repousa em ti
Como tudo sou
Por morar em mim
Como sou tu
Por querer-te em mim
Tudo para dizer como a saudade
Fez-te metade de mim

XVIII



Corre o veneno nas minhas veias
Escorre o sangue em minhas mãos
É a febre de quem anseia 
Corre pra mim a solidão
A saudade corta a carne e fere a alma
No silêncio da minha prisão

XVII




Sabiás me floreiam
Pedras me governam
A noite sou ave de rapina
De dia sou pássaro rupestre
Um lagarto inveja minha asa
Lhe explico: Asa não uso, não
Eu voo mesmo na imaginação!

XVI



Eu existo
Sou parte do sistema 
Sigo meu caminho
Procurando um destino

Eu existo
Sou parte do problema
Me perco no caminho
Em que encontro meu destino

Eu existo
Eu amo
Eu crio
Eu vivo

Eu existo
Tenho medo
Sinto falhas
Eu rio

Eu existo
Sou homem
Sou criança
Sou meu filho

Eu existo
Caminho pelo rio vivo
De amor e medo
Onde o destino se atrapalha

Eu existo
Eu sinto minha falha
Sou todo problema 
Mas insisto

Eu existo
Sou eu
Sou meu deus
Sou meu próprio infinito

XV



Meu sorriso busca a manhã na janela.
O sol cintila no azul do vestido esboçado.
Sopro no céu nuvens de arco íris
e as moldo com olhos de artesã.
Como queria estar lá
pra ver nascer todas as cores
e inventar um sabor pra cada uma.

Quem não conhece o sabor das cores
com certeza nunca provou o entardecer.
Não sabe que o crepúsculo tem gosto de baunilha.

Falar a língua do vento,
Desenhar nas estrelas da noite,
Dar nome às pedras,
Colher o cheiro das flores,
Cantar o ritmo das ondas,
Atuar num palco do tamanho do céu.
Coisas que toda criança sabe fazer

Olhar através do mundo
pelos olhos de uma criança.
Isso não cabe num pedaço de papel.
É poesia viva!

Como seria chato o mundo
sem outros mundos.
Mas há quem discorde.
Há quem confunda imaginação e ilusão.
À estes eu digo:
Meu mundo não é diferente do seu,
é maior.



XIV



Dizem que a vida vem e vai.
Sei que ela vai.
Como um rio que corre sem olhar para trás.
Sem pensar em nada, chega ao mar.
E ai então é infinito.

Mas a vida é só a vida.
E o rio é só um rio.
Se a vida fosse um rio, seria um rio.
As metáforas são mentiras que usamos parar explicar as coisas mais simples.
Tão simples que não tem explicação.

Talvez pudesse pensar no homem como uma arvore:
Que nasce, cresce, espalha suas sementes ao seu redor,
E então morre.
Pensar nisso me entristece...
Não somos arvores.
Não temos nada de infinito ou divino.
Nossas sementes podem se perder, morrer.
E é certo que não serão eternas.

Somos só homens pensando.
Inventando metáforas que dizem o que não somos.
Pois somos só homens pensando.
E quanto mais pensamos, mais longe estamos de entender coisa alguma.